18 - A água e os objetivos do século XXI

Os objetivos da sociedade atual para o século XXI são: Desenvolvimento econômico; Desenvolvimento social; Sustentabilidade; Preservação do meio ambiente; Bem estar social.

A água é considerada e reconhecida internacionalmente como um recurso estratégico. Ao longo da história da humanidade são incontáveis os conflitos em maior ou menor escala visando a garantia de disponibilidade de água.

Estima-se que o volume de água doce do planeta que pode ser utilizado para a vida vegetal e animal nas terras emersas é de cerca de 10,5 milhões de quilômetros cúbicos, correspondentes a 30,2% do total, enquanto que os pólos, geleiras e solos gelados armazenam 69,8% do total.

Dos 10,5 milhões de quilômetros cúbicos de água doce aproximadamente 92,2 mil quilômetros cúbicos (0,9%) correspondem ao volume de água doce superficial diretamente disponível para as demandas da vida humana, animal e vegetal, enquanto 10,34 milhões de quilômetros cúbicos, cerca de 98,7% , correspondem à parcela de águas subterrâneas.

A questão de segurança hídrica, isto é, a garantia de disponibilidade regular de água em quantidade e qualidade apropriadas para consumo humano, animal e produtivo e gerenciamento do uso e reuso, é tema recorrente em toda e qualquer reunião visando o endereçamento dos objetivos do século XXI em todo e qualquer setor de atividade humana.

Os dados fornecidos, projeções e informações sobre a água variam segundo a fonte e os interesses, normalmente econômicos, dos setores envolvidos como, por exemplo, os divulgados na conferência mundial sobre água realizada em agosto de 2007, em Estocolmo, que, em 2025, a falta de água atingirá 1,8 bilhões de pessoas no mundo e que dois terços da população também serão afetados pela escassez do recurso.

Brasil, Rússia, USA, Canadá, China e Indonésia são os seis países do mundo que concentram os maiores volumes de recursos hídricos renováveis.

Brasil, infelizmente, um exemplo de irresponsabilidade

O Brasil detém aproximadamente12% das reservas de água doce do planeta.

O que aparentemente é uma situação privilegiada no contexto do cenário mundial é extremamente preocupante pois, devido ao descaso e falta de cuidado, governo, iniciativa privada e indivíduos, a água, enquanto recurso estratégico e fundamental para a vida, esta tornando cada vez mais escassa e cara.

As razões são amplamente conhecidas, estão quantificadas e qualificadas entre elas:

- O crescimento desordenado das cidades motivado pela má gestão pública (Legislativo, Executivo e Judiciário), pela especulação imobiliária, pela migração de populações do campo e pelo aumento do número de favelas em decorrência de problemas sócio-econômicos;

- O desmatamento e ocupação, irregular e ilegal, de áreas de mananciais e de preservação;

- A derrubada das matas ciliares, matas ao longo de córregos e rios, para dar lugar a plantações e pastagens;

- A poluição do ar, do solo e da água decorrente dos meios de transporte baseados em combustível fóssil (petróleo), de processos produtivos inadequados, da disposição incorreta de resíduos e da falta histórica de investimentos em saneamento;

- O comportamento social e ambientalmente irresponsável da maioria da população decorrentes do incentivo a exacerbação do consumo pelos meios de comunicação e da falta de educação e/ou instrução.

A foto do entorno do Parque do Cocó, área de preservação permanente, que abre esta matéria e da Lagoa Che Guevara ao lado, em Fortaleza – Ceará, são um exemplos comprobatórios das ações acima. Infelizmente não são exemplos isolados nem no Ceará nem no Brasil. As duas das principais represas que abastecem a cidade de São Paulo, são gravemente afetadas pela construção, na maior parte dos casos ilegal, de casas às margens dos mananciais e consequentemente pela falta de saneamento básico bem como pelo acúmulo de resíduos a elas lançados irregularmente.

As conseqüências, além da poluição da água, são, o aumento de doenças, dengue, malária, leptospirose, entre outras, aumentos de custos para tratamento da água visando torná-la potável, aumento de custos na área de saúde pública, aumento de enchentes e desabamentos, prejuízos econômicos às empresas e indivíduos, etc.


Ações urgentes
Ações individuais de economia baseada em mudanças de hábitos, de implementação de processos que minimizem e compensem os impactos ambientais pelo setor produtivo, de implementação e execução de rigorosas, eficientes e eficazes ações de fiscalização e controle, bem como de investimentos em saneamento e tratamento de águas pelo setor público são urgentes e não podem ser utilizadas meramente como instrumentos de marketing e de interesses econômicos e políticos.

É fundamental que o Brasil e os brasileiros assumam a responsabilidade perante o mundo por deterem volume tão expressivo volume do recurso estratégico, água.

Fonte: https://www.deolhonaagua.org.br/site/ler_materia_01.php

 

 

O FUTURO DA ÁGUA

A água, considerada nos meados do século vinte como um recurso abundante e que poderia ser usado sem controle algum, vem ganhando tanta importância que acredita-se que ela deva ser a causa das futuras guerras. Na década de quarenta, por exemplo, num curso sobre história do pensamento econômico, nos Estados Unidos, citava-se a água como elemento sem valor econômico algum. Na década de cinqüenta, aqui no Brasil, a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo começava a controlar a erosão dos solos com seu Departamento de Combate à Erosão.

Além de usar um nome com sentido negativo, "combate", nenhum destaque era dado à água. Posteriormente a mesma secretaria mudou o nome desse setor para Conservação do Solo, mas ainda sem realçar a água. A partir da década de setenta, com os projetos de irrigação, a água começou a chamar cada vez mais a atenção dos brasileiros.

Os ecologistas, que sempre deram grande ênfase a esse recurso natural, criaram até um termo, "água residente", para designar as águas provenientes das chuvas. E são essas águas que merecem agora uma discussão mais séria. Se realmente aproveitadas numa determinada área, elas seriam suficientes para atender todas as nossas necessidades. Mas para isso cada município do País teria de dar prioridade a esse novo conceito da "água residente", para fins de irrigação, de turismo e de consumo da população.

O que vem ocorrendo, porém, é exatamente o contrário. A começar pela cidade onde, com o excesso de pavimentação das ruas, dos quintais e jardins das casas, dos estacionamentos dos supermercados, as águas das chuvas estão sendo totalmente perdidas, além de causar enormes prejuízos com as inundações e assoreamento dos rios.

No campo, a situação não é diferente. A maioria das propriedades rurais não está terraceada e a "água residente" acaba sendo pouco aproveitada. Nas estradas municipais de terra, os proprietários rurais não aceitam receber a água das chuvas e, em geral, despejam a água dos seus pastos ou das suas terras de cultura nas estradas municipais. Estas funcionam como verdadeiros canais de escoamento. Nas estradas de terra, houve um começo da utilização do sistema de caixas de retenção para retardar o escoamento das águas da chuva. Mas para isso era necessário fazer murunduns (lombadas largas), no leito carroçável das estradas, o que tornava muito desagradável a viagem dos automóveis e dos caminhões, além de aumento do gasto de combustível.

A construção dessas caixas de retenção fica cara e desperdiça parte da "água residente". Na verdade, com essa estratégia, o escoamento dessa água é retardado um pouco, mas o lençol freático acaba perdendo parte substancial das mesmas. É oportuno pensar na quebra dos barrancos para encaminhar essas águas para a cabeceira das nascentes, em vez de construir caixas de retenção.

Na década de oitenta no concurso de conservação do solo da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, na categoria de grandes fazendas (além de 1000 hectares), a Fazenda São José do Palmital, de São Manoel SP, foi a primeira colocada por desmanchar as caixas de retenção e encaminhar as águas pluviais através de terraços em desnível, para a cabeceira das nascentes, com o objetivo de reforçar o lençol freático. A água nesses terraços caminha uns poucos metros e penetra no solo por infiltração.

Agora, como está sendo cogitada a idéia de obrigar os consumidores, entre eles os produtores rurais, a pagar pela água utilizada, é oportuníssima a necessidade de se avaliar as mudanças de conceitos sobre a água.

Fonte: Jornal Estadão


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